A revolução do skincare coreano e suas diferenças com a rotina de beleza brasileira

Nas últimas décadas, a Coreia do Sul promoveu uma verdadeira revolução no campo dos cuidados dermatológicos, destacando-se como uma das potências mundiais em inovação cosmética. Impulsionado por investimentos consistentes em tecnologia e pesquisas científicas avançadas, o mercado sul-coreano desenvolveu métodos e produtos que transformaram não apenas a rotina local de cuidados com a pele, mas também influenciaram fortemente os hábitos de skincare em diversos países, do Brasil aos Estados Unidos. 

Um dos exemplos mais icônicos dessa influência é a popularização da rotina de cuidados em várias etapas, conhecida como “rotina de 10 os”. Essa abordagem inclui uma sequência estruturada de ações: limpeza dupla (à base de óleo e espuma), tonificação, aplicação de essência, sérum, hidratante e, por fim, protetor solar. O objetivo é promover uma pele limpa, equilibrada, profundamente hidratada e protegida contra fatores extrínsecos como poluição e radiação UV. 

O sucesso da indústria de beleza asiática, especialmente a sul-coreana, está alicerçado em dois pilares principais: o uso de ingredientes naturais e a valorização de uma estética clean, ou seja, uma pele viçosa, saudável e com aparência natural. Ingredientes como ácido hialurônico, aloe vera, glicerina e extratos botânicos são amplamente utilizados devido à sua capacidade comprovada de hidratar, acalmar e fortalecer a barreira cutânea. Além disso, os produtos coreanos geralmente são formulados com texturas leves, o que favorece a absorção em camadas e reduz a obstrução dos poros. 

Quando comparamos esses cuidados coreanos com a rotina de cuidados das brasileiras, algumas diferenças importantes se destacam. No Brasil, a diversidade étnica e climática influencia diretamente os tipos de pele e cabelo, que tendem a ser mais oleosos devido ao clima tropical predominante. Por isso, os produtos brasileiros muitas vezes priorizam fórmulas com controle de oleosidade, ação antisséptica e proteção solar reforçada. Enquanto a rotina coreana enfatiza a construção da hidratação por camadas leves, a brasileira costuma ser mais prática e voltada para soluções imediatas, com menos etapas e maior foco em multifuncionalidade. 

Dermatologicamente, há também distinções nas necessidades. As peles asiáticas, de modo geral, são mais propensas à hiperpigmentação e à sensibilidade, o que explica a presença constante de ativos calmantes e clareadores nas fórmulas coreanas. Já as peles brasileiras, especialmente as morenas e negras, apresentam maior produção de melanina e resistência ao envelhecimento precoce, mas exigem cuidados específicos com manchas e uniformização do tom. 

Além da pele, os cuidados capilares também refletem essa diferença cultural. Enquanto os cosméticos coreanos para cabelo tendem a ser mais leves e focados em couro cabeludo saudável, os produtos brasileiros geralmente lidam com fios mais volumosos, ondulados ou crespos, exigindo fórmulas nutritivas, com óleos e agentes reconstrutores. 

Em resumo, a ascensão da cosmética asiática trouxe uma nova forma de entender o cuidado com a pele: mais lenta, personalizada e voltada para a prevenção a longo prazo. Ao mesmo tempo, evidencia as particularidades regionais e culturais que moldam os hábitos de beleza no mundo, e mostra que, mais do que seguir tendências, o ideal é adaptar cada etapa às necessidades reais da pele e dos cabelos de cada indivíduo. 

*Emily Fernanda da Silva Souza é esteticista e cosmetóloga, especialista em cosmetologia e nutricosméticos, além de professora dos cursos da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Créditos do Fotógrafo: (*) Emily Fernanda da Silva Souza


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