30º CIAED traça uma EAD inclusiva, escalável e sustentável
Autor: Nayara Rosolen e Adriane Vasconcelos
O 30º Congresso Internacional ABED de Educação a Distância (CIAED) aconteceu em Curitiba (PR) entre os dias 7 e 11 de maio. A edição de 2025, com o tema central da Internacionalização da Educação a Distância, celebrou três décadas da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) e do ensino superior a distância no Brasil.
A programação visou à diversidade, a partir do intercâmbio de conhecimentos e experiências, e estimulou mais de dez tipos de atividades. Dentre elas, palestras, minicursos, podcasts, apresentação de trabalhos científicos, lançamentos de livros, entrega de prêmios e a EAD Talks, com insights sobre o futuro da EAD. Ao todo, foram mais de 400 produções científicas expostas, sendo 80 apresentações de trabalho e 20 sessões de pôsteres de pesquisadores da Uninter.
“Ao longo dessas três décadas, a ABED tem sido protagonista na construção de no fortalecimento da EAD no Brasil, sempre impulsionando qualidade, inovação e inclusão. O CIAED sempre foi um espaço de encontro e diálogo entre educadores, gestores, pesquisadores e todos os atores que fazem da EAD uma realidade transformadora”, afirmou o presidente da ABED, João Mattar, no documento de programação do evento.
O pró-reitor de Graduação, Cursos Técnicos e Extensão da Uninter, Rodrigo Berté, debateu o Design de uma educação a distância inclusiva, excalável e sustentável, com representantes de outros grupos educacionais. O profissional acredita que a integração das instituições de ensino é fundamental para fortalecer soluções inovadoras que beneficiem cada vez mais os estudantes.
“Essa troca de informação científica tem um grande valor para nós, porque muitas vezes a gente sai daqui com mais ideias, mais inovação. Com as várias empresas que têm aqui, que apresentam tecnologia ou modelos diferenciados de como atuam para que o aluno se aproprie do conhecimento, é aonde a gente busca essas trocas. Levamos depois para a nossa base com os professores coordenadores de curso e muitas vezes acabamos implantando algo que encontramos aqui e vai beneficiar o aluno também”, garante o pró-reitor.
Em entrevista para a TV Cultura, o reitor da Uninter, Benhur Gaio, afirma que o congresso da ABED reúne “aquilo que existe de melhor na educação a distância hoje no país”. “Existe um contexto inovador agora, a partir da nova regulação do Ministério da Educação, que é a questão da presencialidade. Estamos discutindo o que é isso, mas vamos mostrar como nós da Uninter já fazemos a presencialidade. Nós sempre desenvolvemos os nossos projetos específicos, desde a época das engenharias, quando nós criamos os laboratórios práticos individuais, também os laboratórios de polos, assim também como na área da saúde. Os alunos desenvolvem suas competências, suas habilidades, em ambientes físicos, ando as melhores tecnologias e os melhores equipamentos”.
A troca de experiência teve continuidade no campus Divina Providência da Uninter. O reitor recepcionou reitores, pró-reitores e diretores de instituições de ensino superior do Chile, Colômbia e Peru, que atuam com ênfase na EAD. Na oportunidade, os representantes dicutiram aspectos da internacionalização e democratização do o ao ensino superior.
Trabalhos em destaque
A Uninter mostrou toda sua força na produção acadêmica e contou com cinco trabalhos que ganharam destaque no Congresso. A Escola Superior de Educação, Humanidades e Línguas (ESEHL) representou o centro universitário com o trabalho “Práticas síncronas em laboratórios na EAD: estudo de caso”, na categoria Metodologia, de autoria dos professores Graziele Ribeiro, Leticia Leonardi, Ana Carolina Pereira, Roberto Aguilar, Flávia Sucheck e Vanessa de Paula.
A ESEHL também foi destaque na categoria Conceitos e Teorias, com o trabalho “Estágio curricular na educação a distância e o desenvolvimento de competências docentes globais: análises e perspectivas”, das professoras Beatriz Maria, Barbara Cristina e Simone Barbosa Prestes.
A Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios (ESGCN) marcou presença com o trabalho “Internacionalização das IES na modalidade EAD como diferencial integrativo sociocultural”, de autoria dos professores Angela Cristina Kochinski, Allan Inácio e Virginia Carneiro.
Assim como na categoria Currículo e Políticas, com o trabalho “Atividade de extensão: desenvolvendo competências locorregionais sustentáveis”, dos professores Aline Purcote, Ademir Moreira, Vanessa Rolon, Otacílio Evaristo e Guerohn Prates.
As áreas de Pós-graduação e Pesquisa se destacaram com o trabalho “Interdisciplinaridade nos cursos de especialização na modalidade a distância à luz dos pressupostos teóricos do pensamento complexo”, de autoria dos professores Edna Gambôa e Ricardo Antunes.
Teoria e prática alinhadas para a formação integral dos estudantes
Durante os quatro dias de congresso, o Grupo Uninter marcou presença na Expo-EAD, feira que apresentou as mais recentes soluções tecnológicas e inovações para a educação digital. O stand interativo do centro universitário simulou aulas nos laboratórios dos cursos de saúde e trouxe o avanço da tecnologia por meio da realidade virtual, entre outras experiências.
Sete trilhas nortearam as apresentações de trabalhos: conceitos e teoria, metodologias, tecnologias e mídias, gestão, currículo e políticas, pôsteres e internacional. Um dos temas destaques, também apresentado por professores do centro universitário, foi o desenvolvimento de atividades extensionistas que ampliam o alcance das ações da instituição de ensino superior (IES). Junto do ensino e da pesquisa, a extensão completa o tripé da educação.
“O que percebemos é que em todas as trilhas há uma predominância dos trabalhos da Uninter. Vemos muitos que foram desenvolvidos pelas escolas, pela pós-graduação, e realmente têm sido trabalhos muito bons, importantes, que mostram a qualidade daquilo que fazemos em termos de educação a distância. Não é por acaso que estamos bem destacados nessa modalidade no país”, afirma o coordenador do Programa de Pós-graduação em Educação e Novas Tecnologias (PPGENT), Luciano Frontino de Medeiros.
O debate de trabalhos que aliam a teoria a prática contribui para o desenvolvimento local e a formação profissional de estudantes, ao conectar universidades com as necessidades das comunidades. Essas atividades oferecem soluções práticas para a população, além de preparar os alunos a partir de experiências reais.
“Vemos trabalhos de todas as áreas. Vejo alunos publicando com professores, que é outra coisa bem bacana, não é só professores participando. Esse é um evento de grande expansão para a educação a distância, então a nossa instituição, como é expoente no Brasil e internacionalmente, traz a representatividade verdadeiramente do que a gente faz”, comenta a coordenadora de Pesquisa e Publicações Acadêmicas, Desiré Dominscheck.
Os docentes também se apresentaram na EAD Talks. Na manhã de 9 de maio, o professor da área de Exatas da Escola Superior de Educação, Humanidades e Línguas (ESEHL), Guilherme Pianezzer colocou as experiências práticas para reflexão mais uma vez, em um bate-papo sobre a matemática no mundo real.
“Olhamos aqui os stands oferecendo soluções educacionais de inteligência artificial [IA] e todas são baseadas em dados, planilhas e informações cujo modelo básico é um modelo estatístico de tratamento de dados. A estatística se transformou um pouco [a partir] da lA e a Uninter pesquisa a IA e está alinhada com análise de dados. Nossos trabalhos mostram isso. Mas também temas transversais, outros temas como inclusão e sustentabilidade”, conclui Guilherme.
A representatividade indígena, por exemplo, se fez presente na palestra EAD: oportunidade de protagonismo indígena e da educação étnico-racial, apresentada pela professora Karina Santos. A docente é responsável pela disciplina de Relações étnico-raciais, africana, afro-brasileira e indígena ofertada a todos os cursos da Uninter e abordou o papel da educação a distância na inclusão de grupos historicamente excluídos.
“É muito importante entrarmos nesse cenário de divulgação dos trabalhos da Uninter não como aquela que quer mostrar números, mas para mostrar que a Uninter é comprometida, de fato, com a qualidade tanto do ensino quanto da aprendizagem daqueles que são estudantes. Mostrar que os investimentos na educação a distância feitos pela Uninter são compromissos, de fato (…) A população indígena é capaz de muita coisa. Só que nos foi retirado as possibilidades de a gente ar espaços, nos foi tirado oportunidades de a gente ter uma formação igual àqueles que não são indígenas”, diz Karina.
O compromisso com a inclusão vai além do ensino aprendizado. Em parceria com o Global Hub, no projeto Collaborative Field Experience há a promoção de um intercâmbio cultural entre povos indígenas do Brasil e do Canadá. O grupo educacional ainda desenvolve diversas políticas afirmativas por meio do GT Diversidade, grupo que realiza ações como vestibulares para povos minorizados, com a oferta de bolsa de estudo integral para indígenas, quilombolas e ciganos.
Transformação e reflexão contínua sobre a tecnologia
A oportunidade de explorar novas ferramentas e metodologias de ensino, surgiu nos lançamentos de livros científicos que divulgam as pesquisas desenvolvidas na instituição. Aqueles que unem educação e tecnologias têm se tornado fundamentais para atualizar e enriquecer as discussões sobre a educação a distância. O encontro de especialistas e educadores promove uma troca de ideias e novas pesquisas que buscam aprimorar a EAD.
O saber e as práticas na era digital foram abordados por Desiré Dominscheck, Alceli Ribeiro e Jeferson Ferro, que organizaram a publicação. É o oitavo livro lançado pelo PPGENT e é publicado anualmente, desde 2017, com parte das pesquisas realizadas no programa ao longo do ano. Ao encontro da democratização do o à ciência, foi distribuído pelos autores de forma gratuita e pode ser ado no site da editora Bagai.
“É muito importante para nós, porque é uma forma de divulgar o trabalho que fazemos. E, como esse mundo da educação com a tecnologia é muito dinâmico, as coisas mudam todo ano. E todo ano publicar um relato, que busca trazer alguns dos desenvolvimentos mais significativos das nossas pesquisas, é uma forma de manter essa comunicação atualizada com a sociedade e com outros pesquisadores”, salienta Jeferson.
A obra Educação e Novas Tecnologias: um (re)pensar está na terceira edição e reafirma a necessidade de uma constante reflexão da tecnologia e o papel na educação. A nova publicação, desde o início realizadas pela editora Intersaberes, é também em memória da coautora Ivonélia da Purificação, que a escreveu junto com Gláucia Brito.
“É uma obra que pensamos para professores que estão em início de formação e de carreira. Como falamos em tecnologia, os aparatos evoluem e também temos que evoluir. Lançar na ABED é muito importante, porque é aqui onde estão os pesquisadores de educação a distância no Brasil todo. E agora, claro, de instituições internacionais. Então, lançar aqui é muito importante e significativo para nós”, declara Gláucia.
Na área de Exatas, Guilherme Pianezzer trata das estatísticas relacionadas a situações reais, no livro Técnicas de Análise de Sobrevivência, também publicada pela Intersaberes. O profissional explica a técica é muito utilizada na área da medicina, para fazer tábuas de sobrevivência. Como em pesquisadas clínicas que investigam o uso de um novo medicamento e qual eficácia possui para a sobrevivência de pacientes diante de uma doença.
“O livro explica como você utiliza softwares computacionais para fazer esse tipo de análise de sobrevivência em estatística. Esse tipo de evento [como o CIAED] direciona, encontramos os públicos que já são voltados para essa publicação. Então, fortalece bastante os laços”, conclui Guilherme.
As publicações de Gláucia e Ivonélia e de Guilherme podem ser adquiridas também por meio do site da editora Intersaberes.
Confira a edição completa do Jornal Uninter sobre o CIAED.
Autor: Nayara Rosolen e Adriane VasconcelosEdição: Larissa Drabeski