As armadilhas mortais das rodovias paranaenses

Autor: *Rafaela Aparecida de Almeida

Reg. 058-21 Rodovia Régis Bittencourt. Br 116. 2021/09/27 Foto: Marcos Santos/USP Imagens

As ultraagens malsucedidas e o excesso de velocidade são os principais fatores de riscos nos acidentes das rodovias do Paraná.  A Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou, recentemente, o balanço de ocorrências de sinistros registrados nas rodovias federais do Paraná em 2024. Os dados apontam que no comparativo com 2023, houve um aumento de 8,2% no número de óbitos, ando de 559 para 605 vítimas fatais. Entre as rodovias mais letais do estado, destacam-se a BR-277, responsável por 164 mortes (27,1%), a BR-376, com 126 óbitos (20,8%), e a BR-116, que registrou 64 mortes (10,6%). Juntas, essas três rodovias concentraram cerca de 60% dos acidentes fatais no Paraná. 

Entre as principais causas e características dos acidentes estão: a colisão frontal, que representa o maior índice de sinistros, com 181 mortes (29,9%), seguida do atropelamento de pedestres, com 102 mortes (16,9%), e da saída de pista, com 84 óbitos (13,9%). Essas colisões frontais estão associadas a ultraagens proibidas ou malsucedidas e ao excesso de velocidade.

Vale destacar que as principais causas dos acidentes fatais nessas rodovias estão diretamente relacionadas ao comportamento dos condutores. A reação tardia ou ineficiente dos motoristas foi responsável por 91 óbitos, enquanto 73 mortes ocorreram devido a veículos trafegando na contramão e outras 64 foram causadas pela ausência de reação dos condutores diante de situações de perigo.

Em 2024, foram registrados 341 mil flagrantes de excesso de velocidade e aproximadamente 20 mil de ultraagens proibidas. Embora a maioria dos acidentes tenha ocorrido em pistas duplas (4.785 no total), os sinistros com maior índice de vítimas fatais foram registrados em pistas simples, com 328 mortes contra 275 em pistas duplas. As retas, por sua vez, concentraram tanto o maior número de ocorrências (5.104) quanto de óbitos (368). Além disso, a maioria dos acidentes ocorreu com pista seca, representando 80% do total.

Os finais de semana continuam liderando as estatísticas de sinistros, com os domingos registrando 17,9% das ocorrências, seguidos das sextas-feiras (13,7%) e dos sábados (15,5%). Outubro foi o mês com o maior número de óbitos, somando 66 mortes (10,9%), enquanto dezembro, tradicionalmente um período de alta circulação devido às férias, apresentou uma redução de 8,93% no número de mortes em comparação com o mesmo mês de 2023, registrando 51 óbitos.

Sobre a prevenção de acidentes é importante frisar que o respeito aos limites de velocidade e o cuidado durante as ultraagens continuam sendo os principais fatores para evitar os acidentes. Para reforçar essas medidas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem intensificado a fiscalização e aplicado penalidades aos condutores infratores.

Dos 260 mil veículos abordados em 2024, 118 mil eram caminhões. Nessas abordagens, foram realizadas verificações das condições dos motoristas, dos veículos e da documentação obrigatória. A observância de aspectos como limite de peso, velocidade permitida, manutenção adequada dos veículos e, especialmente, o funcionamento dos freios, é fundamental para evitar sinistros, sobretudo em trechos de serra, onde as exigências sobre o desempenho do veículo são maiores.

Outro ponto de atenção é a saturação das rodovias, que enfrentam uma alta dependência do modal rodoviário. Cerca de 60% das cargas no Brasil continuam sendo transportadas por caminhões, o que aumenta significativamente a pressão sobre a infraestrutura das vias e a necessidade de medidas preventivas e de fiscalização.

*Rafaela Aparecida de Almeida é doutora em Gestão Urbana e professora da Escola de Negócios no Centro Universitário Internacional UNINTER

Incorporar HTML não disponível.
Autor: *Rafaela Aparecida de Almeida


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *