Enfermagem: a profissão essencial que ainda espera reconhecimento real
Autor: *Vaniele Pailczuk
No dia 12 de maio celebramos o Dia do Enfermeiro, uma data dedicada a homenagear os profissionais que, com competência técnica e compromisso, sustentam o cuidado em saúde no Brasil e no mundo. Mas, será que essa homenagem vai além das palavras? Como enfermeira e cidadã, questiono: apesar das palmas nas janelas durante a pandemia e dos discursos políticos que exaltaram a enfermagem, o reconhecimento concreto segue distante.
A realidade da enfermagem no Brasil ainda é marcada por salários defasados, jornadas exaustivas, sobrecarga emocional e condições de trabalho muitas vezes precárias. O piso salarial, fruto de uma luta histórica, enfrenta obstáculos jurídicos e políticos que impedem sua implementação efetiva. Milhares de profissionais no país seguem esperando por uma valorização que vá além de discursos. Ser enfermeiro é muito mais que aplicar técnicas: é acolher dores, enxugar lágrimas e oferecer esperança, mesmo quando a ciência não promete a cura… É carregar o peso da impotência frente ao desconhecido, sem perder a força de continuar cuidando.
A sociedade precisa entender que o enfermeiro não é apenas o “braço direito” do médico. Somos profissionais com autonomia científica, técnica e ética, responsáveis por decisões que salvam vidas todos os dias. Somos responsáveis por uma grande parte da força de trabalho em saúde no Brasil, mas ainda somos negligenciados em diversos processos de decisão. Precisamos mais do que homenagens simbólicas: é urgente investir em educação continuada, oferecer condições dignas de trabalho, políticas efetivas de saúde mental e valorização financeira. Afinal, como esperar cuidado de quem não tem e?
O Dia do Enfermeiro não pode ser apenas um lembrete no calendário. Precisa ser um compromisso real com a valorização da enfermagem. Celebrar o enfermeiro é reconhecer o investimento de vida que dedicamos diariamente, das horas de estudo, especializações e atualizações constantes. Tudo para aprimorar nossa prática e garantir um cuidado seguro, qualificado e comprometido com o bem-estar de cada paciente. É entender que cuidamos de todos, sem distinção, com um compromisso silencioso, mas incansável, de proteger e acolher cada indivíduo dentro de sua particularidade.
*Vaniele Pailczuk é graduada em Enfermagem, especialista em UTI – Urgência e Emergência e tutora dos cursos de Pós-Graduação na Área da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.
Autor: *Vaniele PailczukCréditos do Fotógrafo: Pexels