Instituto de Engenharia homenageia Adriana Tozzi, professora da Uninter
Autor: Adriane Vasconcelos de Souza - Assistente de Comunicação Acadêmica
A coordenadora do curso de Engenharia Civil EAD da Uninter, Adriana Regina Tozzi, recebeu no último dia 11 de março o Troféu Enedina Alves Marques, concedido pelo Instituto de Engenharia do Paraná (IEP). A honraria foi entregue pelo presidente do IEP, o engenheiro civil José Carlos Dias Lopes da Conceição, em reconhecimento ao trabalho de Adriana tanto na engenheira quanto na atuação acadêmica.
“É com grande alegria e imenso orgulho que nos reunimos para celebrar a trajetória inspiradora de Adriana Tozzi, marcada pela dedicação, excelência e compromisso com o ensino. Desde 2013, o Troféu Enedina Alves Marques tem reconhecido e destacado a contribuição inestimável das mulheres para as novas gerações de engenheiros”, destacou Lopes da Conceição.
A cerimônia de premiação fez parte do evento “Mulheres na Engenharia: Dia Internacional da Mulher”, ocasião em que Adriana ministrou a palestra “Mulheres na Tecnologia”. Durante apresentação, ela abordou os desafios e conquistas femininas no setor tecnológico, destacando sua relevância para o avanço da área da engenharia.
“Receber um prêmio que leva o nome da primeira engenheira formada aqui no Paraná é motivo de orgulho, pois ela representa muita coisa, não só por ser a primeira mulher a se formar em engenharia, mas também por ser uma mulher preta. A trajetória de luta dela traz muitas questões que a gente precisa refletir”, ressalta Adriana.
A homenageada destacou ainda as dificuldades enfrentadas pelas mulheres em particular no o à educação e ao mercado de trabalho. “À frente da coordenação do curso de Engenharia Civil EAD da Uninter, observamos que muitas mulheres lidam com esses desafios, como a falta de tempo devido à sobrecarga doméstica e à maternidade. No curso, nos esforçamos para oferecer o apoio necessário para que elas possam superar essas barreiras”, ressalta.
Desafios da jornada feminina
A participação feminina na engenharia continua a ser um desafio tanto no Brasil quanto no cenário global. Esse foi o foco da palestra da homenageada, que apresentou uma análise histórica sobre a evolução da presença feminina na engenharia, destacando figuras pioneiras como Emily Roebling (1843-1903), fundamental na construção da Ponte do Brooklyn, e Veridiana Rossetti (1917-2010), uma das primeiras engenheiras agrônomas do Brasil. No contexto nacional, ressaltou a fundação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1912 e a trajetória de Enedina Alves Marque, a primeira engenheira negra do Brasil. Também citou Aida Espínola (1920-2015), reconhecida por suas contribuições à engenharia.
Um dos questionamentos levantados por Adriana Tozzi foi que, em 2024, apenas 19,3% dos engenheiros registrados no Brasil são mulheres, de um total de 1,3 milhão de profissionais. Esse dado reflete a estimativa da UNESCO, que aponta que menos de 30% dos cientistas no mundo são do sexo feminino.
Adriana destacou que essa desigualdade não se deve a diferenças cognitivas, mas sim a processos estruturais que dificultam tanto o o quanto a permanência das mulheres na engenharia. Segundo ela, os desafios começam na infância, com a falta de incentivo para que meninas sigam carreiras nas ciências exatas, e se estendem ao mercado de trabalho, onde enfrentam barreiras como preconceitos, baixa autoestima e assédio no ambiente de trabalho, entre outros fatores.
Para transformar esse cenário, Adriana apresentou metodologias que estimulem a prática desde cedo e que podem ajudar a desmistificar a ideia de que a engenharia é uma área inível para mulheres. “Também é fundamental combater a evasão, visto que a maior parte das desistências ocorre nos primeiros anos da graduação”, salienta. “É importante desmistificar as ciências exatas, incluindo as meninas em programas educacionais voltados a essa área, podendo contribuir para um maior interesse”, aponta.
Durante o evento, foi apresentada a Cartilha de Prevenção e Combate ao Assédio Moral e Sexual no Ambiente de Trabalho, além da proposta do Selo de Boas Práticas no Combate à Violência Contra a Mulher. Essa iniciativa, baseada na Lei 14.188/2021 e desenvolvida pela ABNT em parceria com o Instituto “Nós por Elas”, estabelece 14 indicadores para empresas que desejam demonstrar compromisso com a proteção e respeito às mulheres. A meta é certificar 10 mil empresas no Paraná nos próximos cinco anos.
O Prêmio Enedina Alves Marques
Todos os anos, o IEP-PR realiza em março uma homenagem às profissionais que se destacam nas áreas de engenharia, arquitetura, agronomia e geociências, concedendo o troféu a profissionais que se destacam em suas respectivas áreas. Esse reconhecimento busca valorizar e enaltecer o papel da profissional paranaense.
O prêmio leva o nome de Enedina Alves Marques, que em 1940, apenas 52 anos após a abolição da escravidão, quando era impensável que uma mulher preta se tornasse engenheira, quebrou barreiras, ingressando no curso de engenharia na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em 1945, ela se tornou a primeira engenheira negra do estado.
Sua trajetória é um marco histórico, refletindo sua luta contra os resquícios cruéis da escravidão e do preconceito, deixando um legado de pioneirismo, resistência e inspiração, em um país que ainda carrega as marcas de um ado profundamente desigual.
Sobre a homenageada
Adriana Regina Tozzi é graduada em engenharia civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUR (2000) e mestre em engenharia de produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (2004). Como engenheira civil, atuou na implantação e gerenciamento de sistema de qualidade em obras industriais, principalmente na área de instalações hidráulicas, elétricas e de prevenção contra incêndio.
Como professora de engenharia, ministrou as disciplinas de construção civil, mecânica dos solos, estatística aplicada, ferramentas da qualidade e cálculo diferencial e integral. Atua em ensino de engenharia desde 2002. Foi coordenadora do Colégio de Instituições de Ensino do CREA/PR, gestão 2019-2021. Atualmente é coordenadora adjunta do Colégio de Instituição de Ensino da regional de Curitiba do CREAPR, avaliadora da Revista Técnico-Científica do Crea/PR e coordenadora do curso de Engenharia Civil EAD da Uninter.
Assista aqui ao evento completo do IEP no YouTube.
Autor: Adriane Vasconcelos de Souza - Assistente de Comunicação AcadêmicaEdição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Adriane Vasconcelos de Souza