Impactos do aumento das taxas tributárias americanas nas licenciaturas no Brasil

Autor: *Bárbara Cristina Melo; **Gustavo Henrique Silva; ***Rodolfo dos Santos Silva

As decisões de Donald Trump, especialmente aquelas relacionadas ao protecionismo econômico e à imposição de tarifas comerciais, certamente contrastam com os princípios defendidos por liberais clássicos como Adam Smith e economistas da Escola de Chicago. 

Adam Smith, por exemplo, defendia o livre mercado e a ideia de que a “mão invisível” da economia seria suficiente para regular a oferta e a demanda. Já a Escola de Chicago, liderada por figuras como Milton Friedman, enfatizava a importância de mercados livres, mínima intervenção governamental e políticas monetárias estáveis. As tarifas comerciais impostas por Trump, como as aplicadas à China e outros parceiros comerciais, vão na contramão destas ideias, pois representam uma intervenção direta no mercado. 

Estas medidas protecionistas foram justificadas como uma forma de proteger a indústria americana, mas, para economistas liberais, poderiam ser vistas como distorções de mercado que prejudicam a eficiência econômica global. Além disso, a retirada dos EUA de acordos como o Acordo de Paris e outras decisões unilaterais também poderiam ser interpretadas como contrárias à cooperação internacional, algo que muitos economistas consideram essencial para o crescimento sustentável. 

A elevação das tarifas americanas pode reduzir a competividade de produtos brasileiros no mercado internacional, afetando setores econômicos importantes. Isso pode levar a uma redução na arrecadação de impostos e investimentos em áreas como a educação.  

Com menos recursos disponíveis, programas educacionais, incluindo estágios supervisionados, podem enfrentar cortes de financiamento. Isso limitará a capacidade das instituições de ensino superior de oferecer e adequado aos estagiários. A diminuição de investimentos consequentemente acarretará dificuldades para a formação de parcerias entre instituições de ensino superior e escolas de educação básica, essenciais para a realização do estágio supervisionado. 

A falta de recursos pode comprometer a qualidade da formação dos futuros professores, afetando diretamente o estágio supervisionado, uma etapa crucial para a integração entre teoria e prática.  

No contexto educacional brasileiro, especialmente no ensino superior e nos estágios voltados às licenciaturas, os reflexos podem ser sentidos de várias maneiras. As empresas brasileiras que dependem de exportações para os Estados Unidos enfrentam um cenário de desafios econômicos, como queda de receitas e aumento dos custos operacionais. Este cenário pode limitar os investimentos em programas educacionais, afetando tanto as instituições quanto os estudantes. 

Adicionalmente, as universidades que dependem de parcerias internacionais para financiar pesquisas, projetos e bolsas de estudo podem enfrentar cortes significativos. Tais dificuldades impactam diretamente a formação de novos professores e a qualidade da educação básica e superior no Brasil. A importação de materiais didáticos e equipamentos tecnológicos, frequentemente adquiridos de fornecedores internacionais, também pode ser encarecida, restringindo o o a recursos necessários para o ensino. 

No setor de estágios em licenciaturas, o aumento das taxas tributárias americanas pode levar a uma diminuição na oferta de oportunidades práticas para os estudantes. Empresas afetadas pela retração econômica podem reduzir programas de estágio ou parcerias com instituições de ensino, dificultando a formação prática de futuros professores. Ademais, programas de intercâmbio acadêmico e estágios internacionais, que contribuem para o aperfeiçoamento profissional dos licenciandos, podem ser prejudicados pela instabilidade nas relações comerciais. 

A longo prazo, a necessidade de adaptação a esse novo cenário pode levar as instituições de ensino a reestruturar seus currículos e priorizar áreas de conhecimento que atendam às novas demandas econômicas e sociais. Isso pode gerar mudanças significativas no perfil dos educadores formados no Brasil. 

Assim, o aumento das taxas tributárias americanas, embora não tenha impacto direto, cria uma série de desafios para o setor educacional brasileiro e, em particular, para a formação prática dos estudantes de licenciatura. Estratégias eficazes de políticas públicas e parcerias internacionais serão fundamentais para mitigar esses efeitos e garantir a continuidade do desenvolvimento educacional no país. 

*Bárbara Cristina Melo é professora Especialista, orientadora de Estágio Supervisionado da Escola de Educação Superior, Humanidades e Línguas (ESEHL) da Uninter.

**Gustavo Henrique Silva é professor Mestre, orientador de Estágio Supervisionado da Escola de Educação Superior, Humanidades e Línguas (ESEHL) da Uninter. 

***Rodolfo dos Santos Silva é professor Doutor, orientador de Estágio Supervisionado da Escola de Educação Superior, Humanidades e Línguas (ESEHL) da Uninter.

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Autor: *Bárbara Cristina Melo; **Gustavo Henrique Silva; ***Rodolfo dos Santos Silva
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


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